
imagem de Clash Royale (reprodução de internet, fonte: Supercell)
Popularizado na última década como uma forma acessível de atrair milhões de usuários, o modelo freemium — jogos gratuitos com compras opcionais — vem sendo cada vez mais criticado por especialistas, desenvolvedores e, principalmente, pelos próprios jogadores. O que era para ser uma porta de entrada acessível à diversão, muitas vezes se transforma em uma experiência restritiva, frustrante e até predatória.
O freemium, presente em títulos como Clash of Clans, Candy Crush, Clash Royale, Genshin Impact (e outros jogos do gênero Gacha), oferece acesso gratuito ao jogo básico, mas limita progressos, itens ou funcionalidades importantes a compras dentro do app. A estratégia, que visa monetização em larga escala, gera lucros bilionários — mas não sem consequências.
Principais críticas ao modelo:
- Progressão artificialmente lenta: muitos jogos impõem obstáculos ou esperas excessivas que só podem ser contornadas com pagamento, o que transforma a experiência em um “pay to progress”.
- Práticas psicológicas abusivas: reforço intermitente, escassez artificial, notificações constantes e pressões temporais são usados para induzir o consumo de microtransações.
- Desigualdade competitiva: no ambiente multiplayer, jogadores que gastam dinheiro frequentemente têm vantagem direta, criando cenários desbalanceados e desestimulantes para quem joga de forma gratuita.
- Infantilização da monetização: muitos jogos freemium são voltados ao público infantil e juvenil, com designs coloridos e mecânicas que incentivam compras impulsivas — gerando preocupação entre pais, educadores e órgãos reguladores.
“É um modelo construído para extrair atenção e dinheiro, não para oferecer uma experiência justa ou equilibrada”, critica o designer de jogos Pedro Moretti, que já trabalhou com títulos mobile no Brasil. “O jogador vira um número em uma planilha de conversão.”
Na comunidade gamer, a insatisfação com o modelo freemium cresce à medida que jogos outrora promissores se transformam em plataformas de monetização agressiva. Fóruns como Reddit e ResetEra estão repletos de relatos de usuários abandonando jogos por se sentirem pressionados a gastar constantemente para se manter competitivos ou simplesmente para progredir.
Apesar disso, o modelo continua popular devido à sua facilidade de acesso e baixo custo inicial, especialmente em países com menor poder aquisitivo. Algumas empresas vêm buscando um meio-termo, oferecendo passes de batalha, monetização cosmética ou sistemas de recompensas mais justos, como forma de suavizar a percepção negativa.
Ainda assim, especialistas alertam: sem regulamentação e ética no design, o freemium corre o risco de deteriorar a relação entre jogadores e jogos, favorecendo lucros imediatos em detrimento da fidelidade e qualidade a longo prazo.