
O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra foi filmado estuprando uma paciente durante uma cesárea
O anestesista Giovanni Quintella Bezerra foi condenado nesta segunda-feira (9) a 30 anos de reclusão em regime fechado pelo crime de estupro de vulnerável, cometido contra uma paciente durante procedimento de parto em hospital da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. A decisão foi proferida pela 2ª Vara Criminal de São João de Meriti.
O crime, que ganhou ampla repercussão nacional em julho de 2022, ocorreu durante uma cesariana, ocasião em que o médico foi flagrado por imagens registradas por enfermeiras da unidade de saúde. A gravação, feita com um celular escondido, mostra o momento em que Bezerra introduz o pênis na boca da paciente, que estava inconsciente sob efeito de sedação. A equipe, desconfiada da conduta do profissional, decidiu registrar o procedimento após observar uso excessivo de anestésicos em partos anteriores.
Além da pena privativa de liberdade, o juiz determinou o pagamento de indenização no valor de R$ 50 mil a cada uma das duas vítimas. Há indícios de que o médico possa ter cometido abuso contra outra paciente no mesmo dia, o que agravou a situação processual.
Na sentença, o magistrado destacou o “modus operandi ardiloso” do réu e a “periculosidade concreta” demonstrada por seus atos, fatores que justificaram a negativa de liberdade provisória e a fixação da pena máxima dentro do previsto para o crime.
Do ponto de vista profissional, Bezerra teve seu registro cassado pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em dezembro de 2023, ficando definitivamente impedido de exercer a medicina em território nacional.
A defesa ainda pode recorrer da sentença, embora a condenação represente um marco importante na responsabilização criminal por crimes sexuais cometidos em ambientes hospitalares, em contextos de extrema vulnerabilidade das vítimas.
O caso provocou debates sobre protocolos de segurança e fiscalização em hospitais, especialmente em unidades de atendimento obstétrico, reforçando a necessidade de mecanismos mais eficazes para coibir e prevenir abusos dessa natureza.