
foto da série Tomb Raider (reprodução de internet, fonte: Netflix)
Nos últimos anos, o mercado audiovisual apostou pesado em franquias de videogames para atrair tanto gamers nostálgicos quanto novos públicos. No entanto, o que parecia uma aposta segura está se revelando um desafio: diversas adaptações têm “flopado” — decepcionando crítica, audiência e, principalmente, os fãs das obras originais.
Exemplos recentes incluem títulos como Resident Evil (Netflix), Devil May Cry (Netflix), Tomb Raider (Netflix) e Twisted Metal (Peacock). Apesar de grandes orçamentos, elencos renomados e marcas consolidadas, muitas dessas produções não conseguem entregar roteiros envolventes ou respeitar a essência dos jogos. O resultado são avaliações negativas, baixo engajamento e cancelamentos prematuros.
“A maioria dessas adaptações falha em entender o que realmente torna o jogo especial para quem joga. Elas tentam transformar ação interativa em drama genérico, e isso simplesmente não funciona”, comenta Lucas Naves, crítico cultural e youtuber focado em cultura gamer.
O problema, segundo especialistas, vai além do roteiro. Muitas adaptações pecam ao desfigurar personagens icônicos (distorcer suas personalidades, torná-los mais fracos e assim por diante), forçar tramas originais desconectadas do universo dos jogos ou buscar agradar um público amplo demais, diluindo a identidade da franquia. Fãs de Resident Evil, por exemplo, criticaram fortemente a série da Netflix por “não ter absolutamente nada a ver com o jogo”.
Além disso, o modelo de produção acelerada para streaming tende a comprometer qualidade técnica e narrativa. “As empresas veem o nome do jogo como garantia de audiência, mas esquecem que fãs são exigentes e têm memória afetiva com aquele universo”, afirma a pesquisadora de mídia interativa Clara Motta.
Claro, há exceções. Séries como CyberPunk Edgerunners (baseada em CyberPunk) e Arcane (baseada em League of Legends) foram aclamadas por respeitarem o material original e oferecerem roteiros sólidos, mostrando que é possível adaptar com qualidade — desde que se compreenda profundamente o DNA do jogo.
No entanto, a sequência de insucessos recentes deixa uma pergunta no ar: até quando o mercado insistirá em adaptações mal planejadas que mais afastam do que encantam o público gamer?