
China aposta em inteligência artificial para revolucionar a mobilidade de deficientes visuais nas cidades
Pesquisadores chineses, em colaboração com grandes empresas de tecnologia como Huawei e Baidu, estão desenvolvendo soluções baseadas em inteligência artificial para ampliar a autonomia de pessoas com deficiência visual no ambiente urbano. A iniciativa visa reduzir barreiras físicas e sociais por meio de sistemas inteligentes capazes de interpretar o mundo ao redor em tempo real.
O projeto, em fase avançada de testes nas cidades de Shenzhen e Hangzhou, combina visão computacional, aprendizado de máquina e geolocalização de alta precisão. A tecnologia é embarcada em dispositivos portáteis — como bastões inteligentes ou óculos com câmeras acopladas — que capturam imagens do ambiente e processam instantaneamente informações sobre obstáculos, cruzamentos, faixas de pedestres e até semáforos.
A interface com o usuário é feita via comandos de voz, vibrações direcionais ou feedback auditivo por fones de condução óssea, permitindo orientação segura sem bloquear a audição ambiente. Um dos principais diferenciais da solução é a capacidade da IA de “entender a intenção do usuário”, adaptando rotas com base em contexto, como obras em calçadas ou vias interditadas.
Segundo o Instituto de Pesquisa em Inteligência Urbana de Pequim, mais de 17 milhões de chineses possuem algum grau de deficiência visual, e menos de 5% utilizam dispositivos de assistência com tecnologia avançada. “Queremos ir além do GPS tradicional. A IA deve atuar como um verdadeiro guia pessoal, sensível às mudanças do ambiente”, afirmou a pesquisadora-chefe Li Wen, uma das líderes do projeto.
Além das aplicações civis, o governo chinês planeja integrar a tecnologia a iniciativas de cidades inteligentes, com apoio do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação. Estão previstas parcerias com empresas de transporte público para garantir que o sistema possa se comunicar com ônibus e trens em tempo real, sinalizando paradas e embarques.
O projeto também envolve organizações como a Federação Chinesa de Pessoas com Deficiência, que vêm atuando ativamente nos testes com usuários reais. Os primeiros resultados mostram redução significativa no tempo de deslocamento e no número de colisões com obstáculos, além de relatos de maior confiança e autonomia por parte dos usuários.
Com previsão de lançamento comercial em 2026, os desenvolvedores esperam que a tecnologia possa servir de modelo para outras nações, principalmente em países em desenvolvimento que enfrentam desafios de infraestrutura e inclusão.