
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), iniciou o interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira, 10 de junho, no âmbito da ação que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado realizada após as eleições de 2022.
Durante mais de duas horas de depoimento, Bolsonaro reafirmou o caráter pacífico de sua conduta e negou ter liderado qualquer conspiração para permanecer no poder. No entanto, admitiu que manteve encontros com sua equipe e membros das Forças Armadas para avaliar “alternativas dentro dos limites da lei” para reverter os resultados eleitorais.
O ex-presidente rejeitou a existência de um plano golpista e classificou qualquer tentativa nesse sentido como “abominável” e com consequências imprevisíveis. Paralelamente, pediu desculpas ao ministro Moraes por acusações anteriores de corrupção envolvendo integrantes do STF, argumento que não se baseava em provas.
Moraes negou um pedido da defesa para apresentar vídeos no momento do depoimento, alegando que a fase de interrogatório não é o momento adequado para introdução de novas provas — documento que deverá ser juntado aos autos posteriormente.
O ex-presidente também reconheceu ter participado de reuniões que levantaram hipóteses como o uso de tropas ou medidas excepcionais, mas afirmou que tais possibilidades foram descartadas por falta de apoio institucional.
A acusação, representada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), sustenta que Bolsonaro, junto com sete outros réus — incluindo militares e ex-ministros —, articulou ações para reverter o resultado das urnas eletrônicas e adotar métodos não democráticos de manutenção no poder, o que culminou nos atos de 8 de janeiro de 2023.
Testemunhas já haviam relatado pressão por parte de Bolsonaro para implementação de instrumento jurídico voltado a instaurar estado de sítio ou de garantia da lei e da ordem (GLO), o que reforça a acusação de tentativa de golpe.
O processo ganhou notoriedade internacional por punir com rigor lideranças políticas e militares de alta patente — algo inédito na história recente do país.
A decisão final está prevista para até o final de 2025, pouco antes das eleições gerais de 2026.